Assim que termina de quitar uma dívida, o que você faz? Se você é daqueles que comemora a retomada do crédito com novos gastos, é hora de colocar o pé no freio. O alerta vem dos economistas que são unânimes em afirmar que, assim como 2015, este ano ainda será de muitas dificuldades para as famílias brasileiras. A inflação que hoje está na casa dos 10,72% ainda deve pesar muito no bolso do consumidor e os juros vão continuar muito alto. Por isso, é hora de se organizar e fugir do ciclo vicioso do endividamento.
O primeiro passo é planejar o seu orçamento
“É um momento muito difícil para a economia. O endividamento tem uma taxa de juros abusiva, a capacidade de gerar riqueza para este período é muito pequena e a retração na produção do País deve se intensificar. O momento é de cautela e não de endividamento. Temos que ter disciplina orçamentária, ela é fundamental e necessária”, afirmou o economista Alcântara Macedo.
Ele lembra que fazer dívida no Brasil está cada vez mais caro. Dados do Banco Central, divulgados em dezembro, mostram que no caso do cheque especial, os juros ficaram em 284,8% ao ano, é o maior patamar desde junho de 1995. E os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo – a modalidade mais cara do mercado – ficaram em 415,3% ao ano.
“É uma relação desigual entre devedor e credor. Se não pagar as contas em dia você gera uma dívida às vezes impagável e tem o nome maculado. O melhor é evitar o endividamento”, afirmou.
Mas para quem já está nesta situação, a orientação é fazer um planejamento do seu orçamento, identificar as dívidas e partir para renegociação.
O professor do curso de economia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Mário Monteiro, explica que apesar da margem de negociação estar mais estreita, ainda assim o momento é propício para renegociação de débitos. “O comércio está em uma situação muito difícil, as pessoas estão consumindo menos, muitas estão inscritas no Serasa, então existe também o interesse das lojas em aliviar a situação dos consumidores”, afirmou.
Troca de dívidas
Outra saída, explica, é trocar dívidas mais caras por outras com custo menos elevado. Consignados ou empréstimos pessoais costumam ter juros bem menores do que os dos cartões de créditos e o cheque especial, por exemplo. “A recomendação é priorizar o pagamento destas dívidas para evitar que cresçam ainda mais”.
Novos gastos devem ser evitados, especialmente nestas modalidades mais caras. Mas se não for possível, a orientação é se programar para pagar sempre a fatura integralmente. Neste período é importante também evitar compras por impulso e fazer novas dívidas de longo prazo.
“O problema do brasileiro é a miopia. Ele não enxerga o valor final do que está comprando, faz compras parceladas com juros embutidos, mas só enxerga o valor da parcela. É preciso analisar bem a compra”, afirmou o coordenador do curso de Finanças da Universidade federal do Ceará (UFC), Andrei Gomes.
- 14,25% é em quanto está a taxa básica de juros, a Selic. O patamar mais alto desde 2006
Dicas - PARA SAIR DO CICLO DE ENDIVIDAMENTO
1. Planeje mês a mês o seu orçamento. E siga-o à risca
2. Renegocie as dívidas, dando prioridade para aquelas que têm juros mais caros
3. Avalie com cuidado o custo da dívida. Troque a conta mais cara por uma que cobre menos juros
4. Evite o uso de cartão de crédito e cheque especial. Mas se precisar fazê-lo, se programe para pagar a fatura integralmente
5. Evite o consumo por impulso
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