Um ataque ao caráter público e social da Caixa Econômica Federal e às conquistas históricas dos empregados está em franca expansão sob a gestão do presidente Gilberto Occhi, com medidas que podem fazer a empresa retroceder em décadas. Um claro exemplo desse rolo compressor é a precarização das condições de funcionamento do banco, com a adoção de um plano que prevê corte ainda mais drástico de trabalhadores, fechamento de centenas de agências e redução aguda nas áreas de crédito, habitação e loterias.
Na surdina e de modo ditatorial, a pretexto de reforçar a eficiência e fazer uma melhor gestão do capital, os atuais diretores da Caixa, mancomunados com setores do governo golpista, estão elaborando medidas com vistas à destruição gradual do maior banco público da América Latina, sob o nome pomposo de “processo de reestruturação”. As ações, que também visam a redução de benefícios dos trabalhadores, como no caso do Saúde Caixa, estão sendo adotadas com rapidez, sem qualquer debate ou consulta às entidades representativas.
A meta é fechar de 100 a 120 unidade até o fim do processo deflagrado pelo Programa de Demissão Voluntária Extraordinária (PDVE). Até o momento aderiram cerca de 4,6 mil empregados. As alternativas estudadas são fechamento, fusão, diminuição de estrutura ou remanejamento da agência para outro local.
A direção da Caixa também estuda a viabilidade de venda da área de loterias instantâneas, a Lotex, assim como a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, visando reduzir despesas com pessoal e administrativas em um curto período de tempo, sob a alegação de “fomentar boa perspectiva de crescimento com mais segurança em todos os setores”, segundo Occhi.
Está muito claro que o propósito é fatiar a Caixa para privatizar essas partes, de modo a deixar cada vez mais distante a perspectiva de um banco público sintonizado com os desafios sociais do Brasil. Por isso, a luta deve ser assumida por todos os empregados. Em defesa do desenvolvimento nacional e do caráter 100% público, o movimento nacional da categoria condena a proposta de enfraquecimento da Caixa e reafirma seu compromisso de alertar a sociedade para se contrapor a essa sangria do patrimônio público.
“Esse ataque à Caixa, como aos demais bancos públicos é um ataque a toda a classe trabalhadora. Estamos do lado dos empregados e que eles não sejam responsabilizados pelos problemas do banco, nem do país”, disse Marcos Saraiva, diretor do SEEB/CE e empregado da Caixa.
Números precisam ser explicados
A direção da Caixa também precisa explicar os números apresentados de que o banco teve lucro líquido de R$ 4,1 bilhões no ano passado. Trata-se de queda de 41,8% em relação a 2015. No ano passado, também de acordo com o balanço, a Caixa injetou R$ 712,5 bilhões na economia brasileira.
Em setembro, quando o lucro acumulado era de R$ 3,4 bilhões, projetava-se fechar o ano com quase R$ 7 bilhões. No balanço, a Caixa destaca a melhoria do resultado operacional, da margem financeira e da carteira de crédito, bem como a queda do índice de inadimplência.
|