A nossa reportagem do Sindicato dos Bancários do Ceará conversou com o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, durante palestra sobre a reestruturação das entidades sindicais, no dia 30/7, na sede do Sindeletro, em Fortaleza.
Segundo o economista, a reforma trabalhista tem entrado aos poucos nos acordos e convenções coletivas, mas tudo tem dependido do grau de resistência de cada categoria. Confira:
Diante da vigência da reforma trabalhista do governo golpista, qual a expectativa para a campanha nacional dos bancários em 2018?
Clemente Ganz– Os sindicatos têm procurado a renovação da Convenção Coletiva e a introdução de aspectos que deem proteção aos trabalhadores frente à Reforma Trabalhista. Do outro lado, os empregadores, no caso os banqueiros, têm trazido à mesa justamente a flexibilização que a Reforma se propõe. Há várias propostas da parte patronal para a retirada de cláusulas relacionadas à segurança no emprego, homologação, a ultratividade do acordo, e do outro lado, os sindicatos fazem o contraponto. É a primeira campanha salarial dos bancários pós-reforma trabalhista.
Os sindicatos têm procurado construir a resistência, mas é evidente que essa resistência é maior quando a categoria tem capacidade de enfrentamento mais atuante, principalmente promovendo algum tipo de paralisação. Portanto, são campanhas salariais mais duras, mais difíceis e que vão exigir do movimento sindical muito mais preparo e organização.
No âmbito geral, as campanhas salariais que já foram fechadas têm sofrido o impacto das novas regras da reforma trabalhista, ou ainda estão num período de transição?
Clemente Ganz – No geral, os empregadores vêm apresentando pautas de redução de direitos ou de mudanças nas regras daquilo que está definido no acordo ou convenção coletiva. Essas mudanças não vêm sendo aceitas pelos trabalhadores e o nível de resistência muda em cima de cada caso. Há casos que os trabalhadores resistem a toda a pauta, e há casos em que empregadores têm conseguido introduzir mudanças nas convenções. Mas predomina no movimento sindical um primeiro nível de resistência importante e do outro lado, um reconhecimento de que as campanhas salariais ficarão muito mais difíceis daqui para frente.
Com relação à remuneração, os ganhos reais têm prevalecido nas negociações?
Clemente Ganz – Tem. A parte econômica, acredito, é a mais fácil nesse momento. Os trabalhadores têm conquistado, na grande maioria, a reposição integral da inflação e uma parte razoável, mais de 2/3 das campanhas salariais, têm sido fechadas com ganhos salariais pequenos, que vão até 1% de aumento real de salário. Entretanto, algumas vezes, esses ganhos são oferecidos até para compensar mudanças em alguma outra regra que o Sindicato não queria.
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