 O Sindicato dos Bancários do Ceará fez várias manifestações de repúdio à extinção das agências pela reestruturação do BB, em Fortaleza (Foto:Seeb/CE)
Hoje é o último dia de funcionamento de cinco agências do Banco do Brasil em Fortaleza. De acordo com Jannayna Lima, dirigente do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb/CE), alguns funcionários ainda não sabem para onde serão realocados e outros já foram readequados em escritórios do banco.
“O objetivo do BB com o fechamento dessas agências e demais medidas de reestruturação é, principalmente, tirar o cliente de dentro das agências", enfatizou Lima.
Ela disse que todo o Banco do Brasil está sendo remodelado. "Muitos funcionários perderam suas funções, alguns deles tiveram seus salários diminuídos pois perderam suas comissões. Muitas vagas de comissões foram fechadas", explicou Lima.
A dirigente do Sindicato ainda afirmou que o BB está cada vez mais parecido com um banco privado e condenou a forma como muitos trabalhadores foram avisados.
"A gente soube do fechamento pela televisão. Eles nos tratam com falta de responsabilidade". Lima informou que muitos funcionários ainda estão nestas agências fechadas hoje, mas que continuarão nelas para expediente interno e para o encerramento de serviços burocráticos.
Segundo José Eduardo Marinho, diretor de imprensa do Seeb, houve uma tratativa com o Banco para minimizar os efeitos do fechamento. "Existem algumas pendências que a gente só vai saber quando o BB fechar a agência", disse.
Conforme ele, ao todo, 56 funcionários foram realocados para outras unidades da rede com o encerramento das cinco agências na Capital.
Clientes
Muito embora a maioria dos clientes tenha sido avisada do fechamento das agências, Jannayna Lima disse que o impacto da reestruturação do banco afetou todo o Estado. "Muitos clientes ainda não foram orientados, outros não foram realocados, enfim, não temos muitas respostas até agora".
José Eduardo Marinho afirmou que os clientes estavam sendo comunicados através de cartas sobre o atendimento em outras agências. Segundo informou o Banco do Brasil, através de nota, o encerramento das agências em Fortaleza está sendo amplamente comunicado aos clientes em canais diversificados, como hotsite, SMS, aplicativo para celular, terminais de autoatendimento, além de correspondências e cartazes nas agências. "O Banco também divulgou telefones exclusivos sobre mudanças de agência".
"A mudança de agência é automática. Os clientes não precisam fazer qualquer procedimento adicional e podem manter seus cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta", disse o BB.
De acordo com o Banco, a instituição revê a rede de pontos de atendimento para buscar eficiência operacional e adequar os canais de acordo com as demandas dos clientes.
"O conjunto de medidas busca ampliar o investimento no atendimento digital, retomar índices de rentabilidade compatíveis com os do mercado e garantir a sustentabilidade dos negócios. O redimensionamento analisou a proximidade de agências, o sombreamento entre dependências e pontos de atendimento e o comportamento dos clientes em cada praça".
Situação
Jannayna Lima declarou acreditar que é só o começo da reestruturação do Banco do Brasil. "Ainda virão mais cortes no País, a exemplo da Caixa Econômica e do Banco do Nordeste. A gente prevê um sucateamento dos bancos públicos no Brasil. A pergunta que nós fazemos é: quem ganha com isso?", questionou a dirigente do Sindicato.
Com o fechamento das agências, a dirigente do Sindicato afirmou que há uma perda na identidade de banco público. "Despersonifica o Banco do Brasil. A gente não sabe se o banco ainda vai ter solidez, causando medo e tensão na categoria".
O BB extinguiu as agências: Aeroporto Pinto Martins, Av. Santos Dumont, Lagoa de Messejana, Dnocs e Av. Monsenhor Tabosa, e transformou em Posto de Atendimento, as agências do Fórum Clóvis Beviláqua, Assembleia Legislativa e centro do município de Novo Oriente, no Interior do Estado.
O Banco do Brasil promoveu uma reestruturação com o fechamento de 402 agências no País, além de redução no quadro de funcionários, com um Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (Peai), com extinção de 18 mil postos de trabalho, no fim de 2016.
No Ceará, segundo José Eduardo Marinho, aproximadamente 320 funcionários foram cortados entre o fim de 2016 e janeiro deste ano.
"Esse enfraquecimento dos bancos públicos é um enfraquecimento do papel do estado. Ao retirar parte do estado eu estou deixando para a iniciativa privado uma fatia do mercado. O grande problema é que as taxas da iniciativa privada são mais caras", esclareceu ele.
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