O banco Santander descumpriu compromisso assumido com as entidades sindicais, em março último, de que não demitiria funcionários durante a pandemia causada pela Covid-19. A suspensão das demissões foi uma reivindicação do movimento sindical para que a categoria não fosse prejudicada e para impedir prejuízos ainda maiores à economia, já que muitas empresas poderiam iniciar um processo de desligamentos que levaria à explosão de desempregos por todo o Brasil.
Mesmo assim, o Santander demitiu no início desse mês pelo menos 15 funcionários em São Paulo e há denúncias de que as demissões afetaram trabalhadores de outras cidades, como Rio de Janeiro e Niterói. Esse procedimento do banco vem causando apreensão no funcionalismo por todo o país.
Sem justificativa
O movimento sindical entende que não há justificativa para demissões nesse momento, uma vez que o Santander divulgou recentemente, mesmo durante a pandemia, um lucro de R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses de 2020, um crescimento de 10,5% se comparado ao mesmo período de 2019 (quando não havia pandemia). O resultado é tão significativo que, pelo terceiro trimestre seguido, representa quase 30% de todo o lucro que o conglomerado tem no mundo. O banco lucra mais no Brasil do que em qualquer outro país, inclusive na Espanha.
É importante enfatizar também que a receita obtida com serviços e tarifas representa uma parcela muito pequena do lucro do banco, mas elas são mais do que suficientes para cobrir toda a folha dos funcionários. Estas receitas cobrem 1,9 vezes as despesas com pessoal. Ou seja, é quase o dobro.
Prática desumana diante da curva crescente da Covid-19
O Sindicato dos Bancários do Ceará condena essa prática do Santander em demitir em plena pandemia, alegando que o período mais crítico da doença já passou. Apesar de o governo federal querer esconder os dados, podemos ver que os números crescem a cada dia. Segundo dados do portal G1, de 9 de junho, já foram constatados no Brasil um total de 743.047 casos e 38.543 mortes. No Ceará, já são mais de 70 mil casos e 4.406 mortos.
Além das demissões, segundo a Comissão de Organização dos Empregados do Santander (COE Santander), o banco já alterou, unilateralmente, o protocolo de sanitização e vem estudando o fim do home office, o que contraria as recomendações das autoridades sanitárias.
“Motivos para o banco não demitir é o que não faltam: lucro crescente no 1° trimestre desse ano, a pandemia encontra-se em plena evolução e as agências operam com quantidade mínima de funcionários. Então, trata-se de um verdadeiro absurdo o banco demitir no atual momento”, avalia o diretor do Sindicato e funcionário do Santander, Eugênio Silva.
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