Durante a noite de ontem, 3, e a manhã de hoje, 4, mais de 80 delegados e delegadas participaram da IX Conferência Regional dos Trabalhadores(as) do Ramo Financeiro do Nordeste – Fetrafi/NE, definiram pautas e elegeram delegados para a Conferência Nacional dos Bancários. De forma inédita, em virtude da pandemia do novo coronavírus e das recomendações de distanciamento social, a conferência ocorreu inteiramente de modo virtual, através de reunião pela plataforma Zoom.
A abertura contou com análise de conjuntura realizada pelo procurador do município de Teresina, Marcelo dos Anjos Mascarenha. “Hoje tem ficado cada vez mais claro como o departamento de Estado norte americano participou ativamente do processo que levou a destituição da presidenta Dilma. Um processo de impeachment que eu costumo dizer em relação ao governo de Bolsonaro que o Fernando Collor caiu por muito menos, e a Dilma caiu por nada.” Segundo o procurador, para que se supere a crise sistêmica em que o país atravessa, é necessário voltar a falar de um novo tipo de economia, falar no tabu que é a estatização do sistema financeiro. “Ninguém em canto nenhum quer fazer esse debate, mas pergunta pra China se ela teria chegado tão longe se o capital financeiro não estivesse sobre o controle do Estado. Ela reabriu depois que alcançou um determinado desenvolvimento das forças produtivas. Então é importante que a gente faça todos esses debates”, explicou Marcelo dos Anjos.
No segundo dia de Conferência, os trabalhos foram iniciados logo após a participação da presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, que ressaltou a importância das discussões por regiões para a construção da Campanha Nacional dos Bancários. “O todo da campanha é um desafio muito grande, nós estamos lutando contra o sistema financeiro. Um sistema que só pensa em lucro, que aliás, nesse cenário de pandemia em que muitos dos nossos colegas bancários foram atingidos, que já ceifou milhares de vidas, nós temos um governo que não tem a menor empatia, que não se porta como governo”. Segundo a presidenta, a primeira preocupação em se realizar uma campanha no meio de uma pandemia é de salvar as vidas. Outro desafio é fazer campanha, mobilizar, cobrar e fazer chegar à sociedade o conhecimento do comportamento dos bancos em relação aos seus lucros e aos seus empregados, e como o governo se porta perante à vida e perante ao sistema financeiro. “O governo foi uma mãe pro sistema financeiro, atendeu a seus anseios no dia 16 de março, dia 20 de março fez uma segunda medida – tudo isso antes de atender às vidas, antes de cuidar dos seres humanos”.
Ao final do encontro, foram aprovadas propostas que contemplam temas como ultratividade, defesa do emprego, aumento real, PLR, teletrabalho, sindicalização eletrônica, bancarização e fechamento de agências, defesa dos bancos públicos, comunicação, dentre outros. Os delegados eleitos irão discutir as propostas na 22ª Conferência Nacional dos Trabalhadores(as) do Ramo Financeiro, nos dias 17 e 18 de julho.
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