Cenas de lutas épicas, espadas tinindo, a fotografia saturada já conhecida do público. Tudo ao som de "War Pigs", do Black Sabbath. Difícil não se impressionar apenas em assistir ao trailer de "300: a ascensão do Império", um dos filmes mais esperados de 2014.
Foram oito longos anos até que o épico de Zack Snyder ganhasse uma continuação, agora pelas mãos de Noam Murro. O primeiro filme se destacou não apenas pela história, mas também por ter lançado uma nova tendência de fotografia.
Agora, o novo longa, também baseado nos quadrinhos do cultuado Frank Miller, mostra como Xerxes (papel do brasileiro Rodrigo Santoro) se tornou um temido "Deus-rei" para concretizar sua vingança pela morte do pai. Rumo à Grécia, seu exército é liderado pela manipuladora Artemísia (Eva Green), que usará todas as artimanhas femininas para conseguir o que quer.
Enquanto os 300 espartanos liderados por Leônidas tentam combater Xerxes, os exércitos do resto da Grécia, sob o comando de Themístocles (Sullivan Stapleton), se unem para uma batalha com as tropas de Artemísia no mar.
Nova trama
O filme até faz referências ao antecessor, mostrando cenas de Leônidas (Gerard Butler) e de seu exército espartano. No entanto, o cenário é outro, do lado oposto da península. Ainda assim, a história não muda muito, visto que a complicação do roteiro é semelhante, com o general em desvantagem, tentando usar suas habilidades de forma criativa para fazer com que um número insuficiente de soldados vença (quem sabe, com a ajuda dos homens de Esparta), um poderoso (e místico) inimigo.
Mas a grande vilã, ao contrário do que se queria primeiramente com o filme, que no início se chamaria "Xerxes", é Artemísia, uma grande guerreira que comanda a marinha persa e que ajudou Xerxes a conquistar seu império.
Ela é a promessa de um antagonista diferente, mais menos viril e mais inteligente, em cenas com menos explosão de testosterona nas telas. Promessa que parece não ser bem a realidade, visto que a personagem acaba se utilizando mais de sua sexualidade como arma para "enfeitiçar" inimigos e comandar seus 10 mil homens.
Embora ganhe mais destaque na trama, Rodrigo Santoro, novamente caracterizado com o visual dourado e bastante singular de Xerxes continua a ser um "homem de poucas falas" na produção.
A torcida fica mesmo pela viúva de Leônidas (Lena Headey) e pelo seu próprio fantasma, únicas presenças que realmente geram empatia, afinal Temístocles, que deveria ser o grande herói desta continuação, na verdade luta pelo próprio orgulho, pois não é um homem que dá realmente valor às suas raízes, se é que as têm.
Quanto ao visual em si, Murro tenta ser minucioso demais e acaba apelando para o excesso de câmera lenta, o que torna a história às vezes cansativa, embora a proposta seja de ação vertiginosa e sangue quase jorrando na tela. Afinal, o bom do filme mesmo é ver em 3D.
Pela lembrança da magnitude e da inovação do primeiro "300" de Snyder, é difícil não compará-lo à "Ascensão do Império", que, para a grande parte da crítica, tem deixado muito a desejar, fazendo com que os 300 caídos de Esparta continuem a ser os preferidos do público.
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