A história de amor entrelaçada pela música já registra 49 anos de existência. Depois de quase cinco décadas de união, o casal carioca Olivia e Francis Hime continuam versando sobre aquilo que os movimenta. Parar não é uma opção, afinal, a viagem pelos sons e silêncios tem muitos destinos. O próximo é Fortaleza. Em temporada com o show "Almamúsica", de amanhã até sábado, na Caixa Cultural, a dupla apresenta este projeto que marca o primeiro disco gravado como duo, após anos de convivência.
Com uma carreira consolidada como compositor, cantor, pianista, arranjador e maestro, Francis Hime encontrou em Olivia uma parceria de vida. Juntos, eles construíram um relacionamento que transcende os limites profissionais e envolve tudo no processo de amar. É isso que pode ser conferido no CD "Almamúsica" (2011), uma delicada e intimista celebração dessa união, embalada por uma trilha sonora que percorre as biografias dos dois.
"Resolvemos fazer um disco que abrangesse um panorama mais vasto da música brasileira, apontando para vários compositores e músicas que nos marcaram e nos emocionaram, ou a um ou a outro", afirma Francis.
A difícil seleção de faixas, a partir do vasto campo apresentado pelo cenário nacional, compôs um roteiro semelhante ao de um espetáculo teatral. Baseados em temas e canções recorrentes, eles optaram por uma espécie de suíte, com uma música influenciando a outra.
"Sempre quis fugir desse formato: canta uma música, aplaude. A proposta não é um pout-pourri, mas uma mistura das canções, em que você não sabe onde uma termina e a outra começa", explica Olivia. De acordo com ela, o formato diferenciado comporta vários climas no show. Desde o amor "corta-pulsos" até aquele mais "bem-humorado". "É um tecido, no qual a gente imprime memórias musicais", define.
Influências
Com a temporada do show em Fortaleza, o público poderá conferir clássicos do repertório de Olivia e Francis dividindo o roteiro com canções de compositores como Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Chico Buarque, Lenine e Dudu Falcão, Baden Powell, Ary Barroso, Caetano Veloso e Dori Caymmi. No repertório, entre outras, estão "O que será", "Almamúsica", "Desde que o samba é samba" e "Paciência".
"Não é que sejam as músicas mais importantes. São algumas delas. Estão representando essa alma musical que não é só nossa, mas também dos amigos", destaca Olivia. A clássica "Valsa de Eurídice", de Vinicius, é bastante representativa no projeto.
A composição marca a introdução de Francis ao mundo da música. "Toquei essa valsa quando conheci Vinícius. Eu tinha 16 anos. Era numa festinha lá em casa. Ele ficou encantado com o vigor do rapaz de 16 anos e a partir dali recomendou muito a minha mãe 'Ô Dália, esse menino tem que fazer música'", recorda entre risadas.
"Saudade de amar", uma parceria de Francis com o poetinha, também é uma das marcas do CD "Almamúsica". Foi ela quem embalou o início do namoro dos jovens Hime, há quase cinquenta anos. "Eu costumo dizer que essa música foi nosso cupido", destaca Olivia.
Apresentado em vários países como China, Finlândia, Noruega e Alemanha, o show dirigido por Flávio Marinho ganha novas feições emocionais em cada lugar por onde passa. "Sempre que fazemos, descobrimos uma frase que pode ser cantada de uma forma diferente. Não cansa", reconhece Francis Hime.
Almamúsica
A sintonia do casal se reflete na forma como eles se expressam ao caracterizar o show. "Em 'Almamúsica', os momentos vividos se apresentam por meio dessa música que gostamos, compartilhamos, que nos emociona. Foi ela que nos atraiu e é ela uma constante em nossas vidas", diz Francis.
Olivia, por sua vez, faz questão de destacar o impacto desse sentimento em outras pessoas. "É como se a música fosse uma alma universal. E ela é de todo mundo. O teu olhar, teu sentimento faz com que aquilo seja teu também. Você passa a pertencer àquela alma artística, que eu considero uma só", explica a cantora.
As reflexões musicais perpassam, assim, a vida da maioria das pessoas. "Todo relacionamento, desde o namoro até a relação com amigos e filhos, passa por muita coisa: momentos felizes, mas também melancólicos. E isso é retratado no nosso show", conta Olivia.
Em meio a essa "sinfonia nunca interrompida, não há mais palavras, não há forma ou pensamento", somente "música, música, música, só música. Música, almamúsica, música".
Mais informações
Olivia & Francis Hime. De 10 a 13 de abril na Caixa Cultural Fortaleza. De quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Ingressos: R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia). Tel: 3453.2770.
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