Duas jovens se aproximam da grade de proteção instalada ao lado do Planetário, um dos símbolos do lugar. Ignorando a faixa de isolamento e os cones, elas se escoram do gradil. Rapidamente, um guarda aparece para retirá-las. “Não pode se encostar”, ordena. O motivo é logo entendido por quem observa a cena: as bases dessas grades estão corroídas e já se soltaram do piso. Quem se encostar corre o risco de cair do segundo andar do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
Completando 15 anos neste mês, o equipamento cultural carece de reparos. Infiltrações no teto, pintura e reboco descascados, lâmpadas quebradas, ferrugem e elevador parado são algumas marcas da idade, mas principalmente do descaso. “Está previsto resolver todos os problemas de infraestrutura. Como você sabe, o Dragão do Mar tem 15 anos e muita coisa acontece de deterioração natural”, afirma Maninha Morais, diretora de planejamento e gestão do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), responsável pelo centro.
São mais de R$ 9 milhões licitados para uma série de obras previstas. Desse montante, R$ 1 milhão foi usado para a reforma do cinema, reinaugurado em setembro passado. Do restante, R$ 5 milhões já foram liberados pelo Governo do Estado para obra que deve incluir iluminação, pintura e reparos nas infiltrações.
“Já tem R$ 5 milhões depositados e há seis meses liberados. O governador já liberou o dinheiro desde outubro, mas a Secretaria da Cultura (Secult) teve uns problemas jurídicos”, justifica Paulo Linhares, presidente do IACC. De acordo com Linhares, o equipamento, que tem “historicamente uma redução quase permanente de investimentos em manutenção”, passará por uma “grande reforma”. A previsão é de começar logo.
Resposta da Secult
Procurada pelo O POVO para esclarecimentos sobre os “problemas jurídicos” que emperram o repasse dos recursos para reforma do Dragão, a Secult respondeu por nota. “A continuidade das reformas está garantida, nos próximos meses, a partir da assinatura, pela Secult, de aditivo ao contrato original, a ser realizada até o final deste mês”, diz o texto, que não informa quais seriam os motivos do atraso para início da obra de reforma.
Sobre a possibilidade de intervenções de caráter emergencial, como a troca das grades de proteção corroídas, a Secult afirmou que “não há reforma de emergência” e “que cabe à (administração do) Dragão do Mar resolver os problemas pontuais de estrutura”. Maninha devolve a responsabilidade. Segundo a gestora, o Dragão está “aguardando” a verba que “já deveria ter sido liberada” pela Secult.
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