A noite é de festa para os chorões. Gênero popular brasileiro, o chorinho é celebrado no País com especial cuidado no dia 23 de abril, em ocasião do aniversário de um de seus mais influentes filhos: Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha.
Os domingos de abril do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura já antecipavam a comemoração que encontra seu ápice hoje, com a Noite do Chorinho. A feira Fuxico no Dragão trouxe anteriormente uma sequência de tributos ao estilo feita por artistas como Carlinhos Patriolino, Moacir Bedê e Macaúba do Bandolim. Nesta quarta-feira, a partir das 17h, no Espaço Rogaciano Leite Filho, a homenagem se completa com as apresentações da DJ Renatinha e dos chorões Tarcísio Sardinha e Bárbara Sena, além do artista Rafael Limaverde, com intervenção temática.
Sardinha e Pixinguinha
Festejando a vida e o choro, o espetáculo "Tarcísio Sardinha interpreta Pixinguinha" é um tributo que revisita as principais obras deixadas pelo maior mestre do estilo, um multifuncional compositor que também atuava como arranjador, tenor, saxofonista e flautista na busca pela modernização da música popular brasileira e no encontro do choro consigo mesmo.
O maranhense filho de cearenses Tarcísio Sardinha é escolha mais do que apropriada para prestar a homenagem. Arranjador, músico e produtor, Tarcísio Sardinha já apresentou-se e gravou com nomes como Dominguinhos, Belchior, Fagner, Ednardo, Amelinha, Falcão e Fausto Nilo.
Hoje é incisiva referência para a nova geração de chorões, como são chamados os instrumentistas do gênero. Autodidata e profissional da música desde os 15 anos, Sardinha herdou o choro como uma paixão hereditária e compartilhada pelo avô e pelo pai.
Na década de 80, Sardinha participou do Grupo Pixinguinha, considerada a primeira banda a se dedicar profissionalmente ao choro em Fortaleza, e desde o fim da década de 90, ministra oficinas do ritmo e sobre música brasileira. O violão, quase uma parte de Tarcísio, já que raramente ambos são vistos separados, é o principal instrumento utilizado na apresentação, nos formatos com seis e sete cordas, além do cavaco e do bandolim. Para o tributo, sobem e o acompanham ao palco Chico do Cavaco, Denilson Lopes (percussão e bateria), Márcio Resende (saxofone e flauta) e Paulinho do Pandeiro.
A tradição e herança de família, o choro, reúne pela primeira vez na roda os irmãos de Tarcísio Sardinha, Gladson Carvalho (violino) e Patrícia Lima (piano), o sobrinho Saulo Carvalho (saxofone) e a filha Bárbara Sena (violão de sete cordas e voz).
Abertura
Antes do espetáculo principal, a DJ Renatinha apresenta-se com o projeto Long Play em uma edição especial para o choro. A discotecagem dos vinis terá participação das preferências do público, em consonância com a ideia original de interatividade, fomentada em 2008 e que já passou por diferentes espaços, formatos e até andanças pelo interior do Ceará. A proposta de trabalhar exclusivamente com vinis casa com as cargas memorialísticas e afetivas agregadas ao choro, gênero que remonta ao fim do século XIX e nunca se apagou das lembranças dos entusiastas. A DJ apresenta-se das 17h às 19h.
Paralelamente às apresentações musicais, o artista Rafael Limaverde fará uma interpretação visual de Pixinguinha utilizando grafite. Xilogravurista e ilustrador, o trabalho de Limaverde baseia-se na simbologia, no imaginário, na história, nos objetos, templos e rituais na busca pela composição do que chama de experiência transcendental humana.
FIQUE POR DENTRO
A Música Popular Brasileira em uma só palavra
O crítico e historiador Ari Vasconcelos já dizia: "Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha". O músico carioca, filho de pai flautista, nasceu no berço do choro, executado majoritariamente por operários e funcionários públicos, a classe média de um Rio de Janeiro do início do século XX. O choro, no entanto, nasce antes, da mistura das danças de salão europeias (valsa, minueto, polca) com a música portuguesa e africana, democratizado por nomes como Callado, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros e Ernesto Nazareth. O Dia do Choro, no entanto, é celebrado no aniversário de Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho, 1897-1973), por ter contribuído para a consolidação do gênero.
Mais informações
Noite do Chorinho. Hoje, das 17h às 21h, no Espaço Rogaciano Leite Filho, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Gratuito. Contato: (85) 3488.8600
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