Seja o acervo secular do Museu do Ceará, com narrativas que remetem à fundação da cidade de Fortaleza, à cultura popular de confecção de bonecas de pano, uma mostra da produção de arte contemporânea no Centro Dragão do Mar ou a diversidade natural do mangue da praia de Sabiaguaba: a ordem da semana é visitar. Os museus cearenses participam até domingo da mobilização da Semana Nacional de Museus, que incentiva a visitação e valorização destes acervos, reunindo mais de 1337 instituições do País em torno de atividades especiais.
Do Ceará, participam 62 instituições - entre museus, formalmente constituídos, museus comunitários, ecomuseus e demais espaços dedicados à memória - de 38 municípios. "Essa é sétima edição que participamos. Contribui de várias maneiras para o nosso trabalho, principalmente, por ser uma ação do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), nos ajudando a divulgar as atividades do museu e o acervo que temos em nível nacional, estadual e municipal", pontua o ambientalista Rusty Sá Barreto, responsável pelo Museu Natural do Mangue da Sabiaguaba, de Fortaleza.
A programação nas diversas instituições do País vem sendo realizadas desde segunda-feira passada e seguem até domingo, dia 18 de maio, quando é comemorado o Dia Internacional dos Museus. O tema desta edição é "Coleções criam conexões" e estão programadas mais de 4 mil atividades em todo o País.
Mobilização
A articulação dos museus cearenses é feita por meio do Sistema Estadual de Museus, rede vinculada à Secretaria da Cultura, que é coordenada pela historiadora Carla Vieira. "Nós acionamos todos os museus do Estado, explicando a temática, a importância de participar. No Ceará, temos adesão muito forte", detalha Carla, reforçando que são as próprias instituições quem organizam suas atividades para o período. Um guia nacional e separado pro estado reúne as informações divulgando na página do Ibram.
Carla é também diretora do Museu do Ceará, localizado no Centro de Fortaleza, onde ontem foi inaugurada a exposição "Museu do Ceará: entre nacionalidade e coleções". "A curadoria da exposição seguiu indicação da temática da semana. Pensamos como as coleções que formam nosso acervo se conectam entre si", justifica a historiadora sobre a escolha da noção de nacionalidade como elemento comum.
"Museus de história nos moldes que é o do Ceará, criado no começo do Século XX, em geral foram criados com propósito especifico de ser lugares de memória dessa construção da unidade nacional. Suas primeiras coleções foram montadas com esse objetivo", detalha Carla.
Na mostra, por exemplo, estarão peças que pertenceram a "heróis", nacionais ou locais, como o general Tibúrcio Cavalcante, Dom Pedro I e, no plano municipal, o boticário Ferreira. "Temos coleções de numismática que fazem menção a riqueza do Pais. Mapas antigos do território cearense, de Fortaleza e outros objetos ligados a datas e fatos que constituem suas fundações", ilustra.
Comunidades
Em instituições como o Museu Natural do Mangue, que integra a Rede Cearense de Museus Comunitários, localizado às margens da ponte que liga a praia de Sabiaguaba à Praia do Futuro, a programação foge ao convencional, incluindo visitas ao acervo natural do museu, constituído pelo próprio ecossistema e a comunidade do entorno, além de exemplares da fauna taxidermizados, fósseis e utensílios dos moradores.
Especificamente para o período da semana, está aberta exposição "Memória das Águas", com fotografias reunidas na comunidade, revelando diferentes momentos e problematizando as questões atuais do local.
Na sexta-feira, a partir das 16 horas, o museu realiza ainda uma festa em memória de Chico Science, artista que colocou em pauta nacionalmente a riqueza e a importância dos manguezais, que inclui uma sessão de cinema, com o cineclube Cinedunas, e show com a banda Malungada no restaurante Portal do Mangue.
No museu do Caju, em Caucaia, outro integrante da rede, o sábado e domingo terá visitação gratuita e aberta ao público. O acervo, é composto por peças que remetem a fruta, como uma fabriqueta antiga de cajuína, livros, painéis com a história do cultivo no Ceará, sua representação na dança, música, pintura, além de diversos produtos a base da fruta típica.
"Doce, rapadura, mel, castanha, tudo que é feito de caju, temos um exemplar aqui", detalha o organizador do museu, Gerson Linhares. A visitação do museu é feita de 9 h às 14 horas e mais detalhes podem ser fornecidos pelo telefone (85) 3237-2687.
Em levantamento feito pelo Ibram, a edição passada aumentou a visitação média brasileira em mais de 100% durante o período. Além da Região Metropolitana de Fortaleza, aderiram à mobilização instituições de cidades como Sobral, Juazeiro do Norte, Granja, Baturité, Iguatu, Orós, Pacatuba, Russas, Quixadá, Viçoda do Ceará. A relação completa pode ser acessada na página do Ibram na internet (eventos.Museus.Gov.Br)
Mais informações:
Semana Nacional de Museus. De 12 a 14 de maio em museus de 38 municípios cearenses.
Baixe a programação completa em eventos.museus.gov.br
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