Um músico popular, reverenciado no universo erudito. Esta é a tônica do documentário Dominguinhos que estreia, hoje, no Cinema Dragão – Fundação Joaquim Nabuco. Com direção de Joaquim Castro e dos músicos Mariana Aydar e Duani, o filme se desenha como uma homenagem ao compositor falecido em julho de 2013, por um câncer no pulmão. A exibição, logo mais às 20 horas, é seguida do projeto Conversa de Cinema e traz debate com Aydar e Duani, além do pesquisador e amigo de Dominguinhos, PauloVanderley.
A ideia do documentário surgiu há oito anos, quando o músico Eduardo Nazarian assistiu à uma apresentação do sanfoneiro em São Paulo. Encantado com a virtuose do artista, Nazarian lançou uma proposta para amiga Mariana Aydar. Não tardou para que a cantora agendasse um almoço em sua casa e tivesse o músico como convidado ilustre. “Dominguinhos, a gente queria fazer um filme sobre sua vida”, lançou Mariana. “Toda ideia merece ser respeitada”, respondeu Dominguinhos, generosamente.
Durante três anos, os diretores acompanharam a rotina do cantor. “Este projeto é um encontro do cinema com a música. Um filme feito por músicos sobre um músico. E o Joaquim (Castro, diretor responsável pela montagem final) foi muito importante neste processo, porque conseguiu concretizar nossa vontade de entrar no sertão que o Dominguinhos viveu na infância”, elabora Eduardo Nazarian.
Narrada pelo próprio Dominguinhos, a produção passeia rapidamente sobre sua história, para se aprofundar em uma vida feita de encontros. De sua relação com o padrinho de casamento Luiz Gonzaga, o filme traz o duelo gaiato de “Xaxado” (http://migre.me/jCLvY); o dueto com uma emocionada Nana Caymmi interpretando a dolorosa “Contrato de Separação”, apresenta uma das 210 composições que Dominguinhos criou com a parceira Anastácia. Há ainda registros de suas conversas musicais com Nara Leão, Djavan, Elba Ramalho e Gilberto Gil.
“A história do Dominguinhos é a história da música brasileira”, resume Mariana, que conheceu o sanfoneiro aos nove anos. A tia da cantora era produtora de estrada do artista que tinha medo de voar.
Mais do que apresentar o menino predestinado a ser o sucessor de Luiz Gonzaga, o documentário explora sua faceta mais virtuosa e criativa. O instrumento como extensão de seu peito é uma metáfora que costura toda a narrativa. Ironicamente, este é um filme para respirar Dominguinhos.
SAIBA MAIS
Dominguinhos foi exibido no Festival de Tolouse, Bafici - Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires e integrou a mostra competitiva do É Tudo Verdade – 19º Festival Internacional de Documentários.
O material de pesquisa excedente deste documentário não foi descartado. Está no projeto Dominguinhos +, já disponível no Youtube (www.youtube.com/dominguinhosmais) e no Facebook (www.facebook.com/dominguinhosmais). De acordo com os diretores, os oito mini-documentários serão formatados em DVD e CD com previsão de lançamento para o início do segundo semestre.
O cantor Dominguinhos foi tema de, pelo menos, outros dois documentários. São eles, O Milagre de Santa Luzia (2008), de Sérgio Roizenblit, em que Dominguinhos percorre o País em busca de outras formas de tocar a sanfona; e Dominguinhos Canta e Conta Gonzaga (2012), de Mauricio e Wagner Malagrine, em que o músico cruza as estradas de Pernambuco a São Paulo.
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