Após mudanças administrativas no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), o equipamento de difusão cultural da entidade financeira precisou ser transferido da sua antiga sede, na Rua Senador Pompeu, para a Rua Conde D'Eu, ambas no Centro de Fortaleza. O período de indefinição, próprio do processo de transferência, atrapalhou o cronograma de atividades do centro cultural, e alguns eventos deixaram de acontecer ou foram realizados parcialmente.
Foi o caso do festival Rock Cordel, que em janeiro de 2013 - no clímax da discussão sobre o futuro da instituição - foi sediado nos jardins do histórico Theatro José de Alencar.
Pouco mais de um ano e meio depois, com nova sede e a retomada da programação, o CCBNB da início, nessa quarta-feira (16), à oitava edição Rock Cordel.
Localizado no antigo Centro de Referência do Professor desde setembro do ano passado, o centro cultural passou por um período de adaptação no novo espaço, por isso, a diretoria da instituição afirma que não houve tempo hábil para a realização do seu festival de rock em janeiro, mês em que foram realizados as sete edições anteriores. Adiado para julho, o CCBNB organizou, desde fevereiro, edições semanais do programa que leva o mesmo do festival, cada uma com quatro bandas e entrada gratuita.
Quase todas as apresentações realizadas foram sucesso de público, segundo os organizadores do evento, que atraiu uma multidão - em sua maioria jovens - ao palco do equipamento cultural. "Com as edições realizadas todas as sextas-feiras, nós aplacamos um pouco a falta sentida por muitos pela não realização do evento no início do ano", diz André Marinho, coordenador de programas musicais do CCBNB e um dos idealizadores do festival.
A edição deste ano conta com 65 atrações (40 locais e 25 de outros estados brasileiros). O número é um pouco menor do que o da primeira edição do festival, quando 76 bandas cearenses se apresentaram na antiga sede, para o espanto da diretoria do CCBNB.
"Todos ficaram surpresos com a quantidade de bandas de rock que Fortaleza tinha, quase todas da periferia. Muitos acreditavam nem existir essa cena aqui", relata o coordenador. Segundo André Marinho, o festival teve como mote a abertura de espaço para que novos e antigos talentos pudessem se apresentar ao público.
"Em festivais de grande porte, como o Ceará Music, os nomes locais tocavam praticamente na porta dos fundos", diz. Passando ao papel de protagonistas, as bandas foram uma das responsáveis pelo sucesso da divulgação do evento. "Quando um grupo sobe ao palco, eles chamam amigos e admiradores. Eu sempre acreditei que essa estratégia de divulgação daria certo, e foi o que aconteceu", comemora Marinho.
O festival contou desde a primeira edição com a curadoria do experiente músico Amaudson Ximenes, guitarrista da banda Obskure e organizador do festival ForCaos (o mais tradicional evento de música pesada do Estado). "Construímos com o tempo uma relação duradoura com a instituição, a ponto de chegarmos a realizar os dois eventos simultaneamente, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar, em 2011", relata Amaudson, que também é presidente da Associação Cearense do Rock (ACR).
Amaudson vê com bons olhos o público jovem que tem frequentado os shows realizados na nova sede do centro cultural. "Como os shows acontecem nas sextas-feiras à tarde, o público que marca presença é mais a molecada que saiu do colégio e está procurando uma maneira de se divertir. É uma mão na roda para eles. Aqui cabe muita gente e serve como ponto de encontro", relata o músico, destacando ainda que o evento funciona na aproximação do jovens à outros linguagens artísticas, dispostas em outros espaços do centro cultural.
Também idealizador e atuando na produção do festival desde a primeira edição, Fernando Pessoa integra a equipe de curadoria. O organizador contabiliza que, até o final do ano, cerca de 200 bandas diferentes, quase todas autorais, deverão passar pelo palco do CCBNB, demonstrando a ampla produção musical na cena independente de Fortaleza.
"O evento vai durar dez dias no mês de julho. Entretanto, em agosto, as atividades do programa semanal do Rock Cordel vai voltar normalmente e seguirá até novembro deste ano", informa Fernando Pessoa.
O curador ainda destaca que o evento é uma boa oportunidade para as bandas obterem visibilidade, funcionando também como uma espécie de catálogo da produção local. "Temos grandes nomes que passaram no início da carreira pelo festival, como Artur Menezes, Selvagens à Procura de Lei e Mafalda Morfina, todos atualmente com bases montadas em São Paulo e despontando no mercado nacional", orgulha-se Fernando.
"O evento também foi o ponto de partida para diversas outras bandas que estão na ativa atualmente no cenário musical cearense", detalha.
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