O thriller de Ben Affleck "Argo" venceu o prêmio de melhor filme em uma cerimônia o Oscar bastante dividida, que rendeu as estatuetas de diretor a Ang Lee ("As Aventuras de Pi") e de interpretação aos atores Daniel Day-Lewis e Jennifer Lawrence.
"Argo" também venceu nas categorias roteiro adaptado, um prêmio para Chris Terrio, e edição. O triunfo de Affleck é ainda mais impressionante pelo fato dele não ter sido indicado na categoria direção.
"As Aventuras de Pi" saiu da festa com o maior número de estatuetas, quatro, incluindo melhor fotografia para o chileno Claudio Miranda e diretor para o taiwanês Ang Lee. Também venceu em efeitos especiais e trilha sonora.
O filme é baseado em "um livro filosófico e, além disso, é um longa caro. É a pior combinação, a mais temível", disse Lee, que já havia vencido um Oscar em 2006 por "O Segredo de Brokeback Mountain".
"Agora sinto que tudo está bem. Muito bem. Melhor do que muito bem", completou.
"Argo" e o musical "Os Miseráveis", de Tom Hooper, venceram em três categorias cada, enquanto "Lincoln" foi o grande derrotado, com apenas dois prêmios em 12 indicações: melhor ator para o britânico Daniel Day-Lewis e direção de arte.
Jennifer Lawrence venceu na categoria de melhor atriz por "O Lado Bom da Vida". Entre os coadjuvantes as estatuetas ficaram com o austríaco Christoph Waltz, por seu papel em "Django Livre", e com Anne Hathaway, uma das estrelas de "Os Miseráveis".
Quentin Tarantino, diretor e roteirista de "Django Livre", levou o segundo Oscar de roteiro original, depois da vitória por "Pulp Fiction" (1994).
O prêmio de canção original ficou com a britânica Adele por "Skyfall", que a artista cantou na festa, que celebrou os musicais e contou com apresentações de Barbra Streisand, Norah Jones e dos elencos de "Os Miseráveis" e "Chicago", vencedor da categoria melhor filme há 10 anos.
O apresentador da cerimônia, Seth MacFarlane (criador do desenho "Família da Pesada" e diretor de "Ted"), começou a festa com uma canção sobre os seios das atrizes e com uma piada sobre Ben Affleck, que não foi indicado na categoria de melhor diretor, apesar de ter vencido quase todas as premiações pré-Oscar.
"A história por trás deste filme era tão confidencial que o diretor era um desconhecido para a Academia", disse.
"Argo" é a primeira produção a vencer na categoria melhor filme sem ter sido indicado pela direção desde "Conduzindo Miss Daisy" em 1990.
O anúncio do vencedor foi feito pela primeira-dama Michelle Obama direto da Casa Branca.
"Uau", exclamou Affleck, produtor, diretor e protagonista do filme, ao subir ao palco ao lado dos também produtores George Clooney e Grant Heslov.
"Quero reconhecer Steven Spielberg, que é um gênio", disse, antes de lembrar que era "apenas um menino" quando venceu seu primeiro Oscar pelo roteiro de "Gênio Indomável" (1997).
Nos bastidores, ao ser questionado sobre qual personagem sonha interpretar, Day-Lewis disse que não pode pensar em nada porque precisa descansar por dois anos.
"É muito difícil me imaginar fazendo algo depois disto", afirmou o ator, que fez história ao receber o terceiro Oscar da carreira, depois das estatuetas por "Meu Pé Esquerdo" e "Sangue Negro".
Aos 22 anos, a atriz vencedora Jennifer Lawrence caiu na escada no momento de receber o prêmio.
"Vocês estão me aplaudindo de pé só porque se sentem mal porque caí", brincou a estrela de "Jogos Vorazes".
Lawrence, que em "O Lado Bom da Vida" interpreta uma depressiva apaixonada por um bipolar (Bradley Cooper), usou o discurso para defender as pessoas com distúrbios mentais.
Na categoria filme estrangeiro, "Amor", do austríaco Michael Haneke, venceu como era esperado.
"Valente" venceu entre os filmes de animação, premiando assim o primeiro filme de princesa do estúdio Pixar.
Um dos apresentadores da cerimônia foi o urso de pelúcia politicamente incorreto Ted, que subiu ao palco com o colega de filme Mark Whalberg e perguntou "onde seria a orgia" após a cerimônia. Depois de hesitar um pouco, Whalberg respondeu: "Na casa de Jack Nicholson".
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