Após a reabertura, o local deve funcionar como centro cultural voltado à gastronomia, moda e design
O clima de incerteza quanto ao destino do Estoril - ponto de encontro boêmio e musical nas décadas de 1970 e 1980 - aos poucos vai se dissipando. Pertencendo atualmente à Prefeitura Municipal de Fortaleza, segundo adiantou o secretário da Cultura, Magela Lima, o prédio funcionará como equipamento cultural voltado à "gastronomia, moda e design". As três linguagens serão o foco das atividades pensadas pela nova gestão municipal para o local.
"A vontade é que o Estoril esteja funcionando já na Copa das Confederações. O que temos discutido é que ele funcione como uma âncora do processo de requalificação da Praia de Iracema", revela o secretário. Amanhã, será realizada, no local, uma solenidade para apresentação do novo organograma da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), das diretrizes da nova gestão e dos membro do Conselho Municipal de Cultura. Na ocasião, também será apresentado o edital de ocupação do restaurante do Estoril, para que seja submetido a consulta pública.
"O edital detalha exatamente os termos de ocupação do espaço dedicado ao restaurante. O documento ficará em consulta pública para que a gente possa ouvir sugestões da cidade", explica. Somente após as propostas, será definido o documento final e abertas as inscrições.
O novo projeto de ocupação do Estoril será integrado a programas mais abrangentes de ações da Prefeitura de Fortaleza: o projeto de Distrito Criativo, que estabelecerá zonas na cidade onde será incentivada o desenvolvimento de determinadas áreas; e o projeto de requalificação da Praia de Iracema. "Quando a gente estabelece essas linguagens - moda, gastronomia e design -, estamos alinhando o espaço a essas duas políticas, que são mais amplas que a política cultural. Uma política urbana de requalificação e outra transversal, que é cultural e econômica. O Estoril será uma intercessão entre elas", reforça.
Música
Sobre a ausência da música entre as prioridades- linguagem a qual o antigo restaurante ela diretamente associado - Magela pondera que o recorte feito não exclui as apresentações no local. "Ser um centro de moda, gastronomia e design não inviabiliza diálogo com as outras linguagens. Continua aberto ao encontro criativo. Não é algo que cerceia, é algo que orienta", defende.
Os detalhes sobre como será a ocupação do Estoril, explica, só serão definidos após o encerramento das inscrições no edital de ocupação do restaurante e análise da proposta. "O desenho do restaurante orienta muita coisa das outras ocupações. Por exemplo, terá palco externo físico para música? Isso estará na questão do restaurante. A partir das propostas do restaurante, definiremos os detalhes", diz.
Protesto
A indefinição quanto a ocupação do Estoril já se arrasta desde 2010, quando foi concluída a reforma, na gestão da então prefeita Luizianne Lins. Um edital para contratação da empresa que iria gerir o restaurante chegou a ser aberto no final do ano passado, mas foi suspenso no dia 31 de dezembro, quando foi firmado um acordo de 10 anos com a empresa Walk Produções.
O acordo foi suspenso pela atual gestão, mas a possibilidade de ter o local cedido a iniciativa privada sem que antes houvesse um diálogo com a sociedade civil levou um grupo de artistas ligados ao Movimento Arte e Resistência (MAR) a mobilizar a campanha "O Estoril também é meu". Os artistas realizaram uma primeira reunião dia 17 passado no próprio Estoril para traçar metas para a campanha e lançaram um abaixo assinado contrário a ocupação privada do espaço, que já ultrapassa as 1200 assinaturas.
Eles se reuniram novamente na última segunda feira no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), quando contaram com a presença do secretário Magela Lima. "Ele (Magela) apresentou a proposta dele e se dispôs a discutir e repensar a proposta da gestão. Ficou ainda de marcar data para receber o movimento, na Seculfor, para conversar mais sobre estas ações. Para nós, ficou uma boa impressão de que existe abertura ao diálogo", detalhou um dos integrantes do MAR, Uirá Porã, diretor do Instituto Brasileiro de Políticas Digitais - Multirão. "Tem gente que ainda não se convenceu Da ideia de polo de gastronomia, design e moda. Algumas pessoas não concordam, mas a avaliação foi positiva pela abertura ao diálogo", reforça.
Secultfor aposta em ajuda federal
Casa do Barão de Camocim, Teatro São José e Escola Jesus Maria José. Ao que parece, os três imóveis, tão publicizados pela gestão anterior, deverão receber subsídios do Governo Federal para serem, finalmente, restaurados. Foram esses os três prédios indicados pelo secretário de Cultura, Magela Lima, para o programa PAC Cidades Históricas. Atuante em 44 cidades do País, o Programa de Aceleração do Crescimento voltado para os patrimônios históricos é uma parceria do Governo Federal com o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e deve disponibilizar até 2015 cerca de R$ 1 bilhão.
"Inscrevemos a Casa do Barão de Camocim, para concretizar o projeto da Vila das Artes; o Teatro São José, para estabelecer o Teatro Municipal; e a Escola Jesus Maria José, para ser a Casa da Fotografia. O Governo Federal pedia para cada cidade hierarquizar sua lista de prioridades. Isso agora vai para a rodada de negociações, em Brasília, dia 11, quando acredito que deve ser lançada a decisão final", detalhou Magela.
O projeto de restauro do Teatro São José, que vem sendo elaborado há seis anos, até setembro do ano passado (data da última matéria do Caderno 3 sobre o assunto) permanecia em fase final de atualização de preços para dar início à licitação.
A parceria feita com o Governo do Estado, anunciada durante a Virada Cultural de Cid Gomes, em setembro de 2012, resultou em um repasse de R$ 900 mil para as obras do Teatro, que passou a ser orçado em R$ 2.449.639,52.
Já a ampliação da Vila das Artes, a partir do restauro da Casa do Barão de Camocim, estava em fase de análise junto ao BNDES para captação de recursos através de convênio com o Município. Desde 2008, época em que foi inaugurado, o equipamento mantém a mesma estrutura. O projeto inicial, divulgado desde a inauguração, no entanto, previa a reforma em três casas, na Rua 24 de Maio. Apenas a Casa das Escolas foi entregue.
Até o ano passado, a restauração da Casa do Barão estava orçada em R$ 3.880.000. Quanto a Casa da Fotografia, deveria custar R$ 2.332.742,52, mas apenas o projeto arquitetônico estava concluído.
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