Espaço Dança no Andar de Cima promove festa e leilão antes de fechar, até o fim de março, para obras de ampliação
Vez por outra, Fortaleza recebe uma lufada de ar fresco em seu cenário cultural, renovando o ânimo tanto de artistas e produtores culturais quando do público. No caso do Dança no Andar de Cima - espaço de produção, investigação e criação em arte contemporânea - ela correu forte durante os quase dois anos de funcionamento da casa, quando abrigou dezenas de atividades de diferentes linguagens artísticas - entre exposições, oficinas, apresentações musicais, lançamentos de livros, residências, intervenções e até uma temporada teatral.
Para garantir que o Dança permaneça sempre ventilado por esse conjunto de propostas independentes, os proprietários decidiram fechá-lo para reforma - até agora, o espaço vinha funcionando com uma estrutura mínima necessária. A estratégia para bancar as obras segue a essência colaborativa da casa: o valor necessário será levantado por meio da venda de trabalhos de artistas que se sensibilizaram com a causa. As vendas vão até sábado, dia 2.
"Vimos que muitos realizadores em Fortaleza reclamam da falta de espaço para expor. Com a situação indefinida do CCBNB, que vai sair do atual prédio do Centro, as opções ficam ainda mais escassas e dependentes de editais. Isso nos fez ver que precisávamos aprimorar o Dança", justifica a sócia-proprietária Ana Cláudia Araújo.
"Por exemplo, o espaço para exposições resume-se a um quartinho. Vamos duplicá-lo e transformá-lo em galeria. Também vamos derrubar paredes que separam algumas salas e fazer um grande salão, um espaço para ateliê, laboratório e convivência", adianta a jovem.
As mudanças incluem ainda climatização parcial da casa, reforma do piso de taco das áreas comuns, melhoria da visibilidade, iluminação própria para galeria, sonorização, pintura, acessibilidade e segurança. O orçamento ficou em R$ 10 mil e a reforma deve durar até o final de março.
Entre uma conversa e outra com amigos, alguém deu a ideia de arrecadar o valor a partir da venda de obras doadas por artistas. Assim surgiu a campanha "Em Obras". "Quando divulgamos a proposta na internet, tínhamos 10 artistas voluntários. Três dias depois, apareceram vários outros interessados em colaborar, perguntando como proceder", recorda.
Até agora, a equipe contabilizava 42 artistas engajados e mais de 60 obras doadas - metade das quais já adquiridas, durante exposição realizada no dia 24 de janeiro. "Ontem mesmo recebemos uma peça da artista e professora Cláudia Sampaio. Para organizar a ação, fiz um álbum na página do Dança no Facebook, com os trabalhos disponíveis", explica.
Além do site da rede social, as obras podem ser reservadas por e-mail ou pessoalmente, na sede do Dança (de quinta a sexta, das 14 às 20 horas ou sábado, das 10 às 17 horas). Já os pagamentos podem ser feitos no site Vakinha, em uma página criada para a campanha.
Os preços das obras variam entre R$ 20 (como os cartazes do artista Henrique Viudez ou as cadernetas de Julião Júnior) até R$ 300 (obras de Lucíola Feijó, Narcelio Grud, Tereza de Quinta e outros) e R$ 2.500,00 (pintura que o Grupo Acidum realizará em espaço determinado pelo comprador).
Segundo os idealizadores, por serem obras doadas, tratam-se de valores especiais, relativamente abaixo do valor de mercado. "Ficamos surpresos com a quantidade de artistas dispostos a contribuir, o que também mostra a importância do Dança no Andar de Cima para a cena cultural da cidade", comemora Araújo.
Para marcar o encerramento do projeto, o Dança no Andar de Cima realiza hoje evento com show do guitarrista Vitor Colares (bandas Fóssil e O Garfo), no qual ele apresenta seu primeiro disco solo, "Saboteur", acompanhado de Rodrigo Colares e banda Chacomdéga. A discotecagem de Uirá dos Reis fecha a noite. "Assim como as obras, o show também foi doado, pelo próprio Vitor", ressalta a proprietária.
Segundo ela, a intenção é reabrir o Dança logo após o aniversário de dois anos da casa, celebrado em 31 de março, com novo evento. Até lá, as etapas da reforma serão postada na página do Dança no Facebook. "Também planejamos repetir essa experiência de venda das obras, que acabou virando uma espécie de feira de arte. Tanto para beneficiar os artistas quanto para mostrar ao público que é possível consumir arte a preços acessíveis", esclarece Ana Cláudia Araújo.
Mais informações:
Festa de encerramento da campanha "Em Obras", com o show de Vitor Colares, Rodrigo Colares e banda Chacomdéga. Hoje, às 20h, no Dança no Andar de Cima (R. Desembargador Leite Albuquerque, 1523 A, Papicu). Gratuito. Contato: (85) 3032.8081
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