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01/02/2010 |
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Edição Nº 1120 de 1º a 6 de fevereiro de 2010 |
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| DIABETES: |
Uma doença silenciosa e perigosa |
Desde 1997, a dona de casa Margarida Maria Rodrigues, de 49 anos, lida diariamente com o controle do diabetes. Ela descobriu que tinha a doença depois que um exame confirmou a suspeita: tomava muita água, urinava muito e sentia a boca seca. Iniciou o tratamento tomando comprimidos, mas eles não deram certo. “Depois comecei a tomar insulina”, conta Margarida. Desde então, ela mesmo se aplica a medicação três vezes ao dia.
Sem condições financeiras para comprar insulina, Margarida depende do fornecimento dos postos de saúde de Fortaleza para evitar tonturas e desfalecimentos que lhe acometem eventualmente. “Às vezes falta em todos”, denuncia. Para evitar maiores complicações, a dona de casa segue à risca as recomendações médicas, começando pela alimentação. “Agora só como verduras, frutas e produtos light, além de só tomar leite desnatado”, afirmou.
Margarida estava na fila de espera do centro de endocrinologia e diabetes do Hospital Universitário Walter Cantídio esperando ser atendida para mais uma consulta de rotina. Assim como ela, mais de 300 pacientes são atendidos mensalmente na unidade hospitalar, segundo revela o endocrinologista Miguel Hissa. Lá, eles realizam desde a simples e rápida medida de glicemia, com a utilização do glicosômetro, até o tratamento mais aprofundado.
Em entrevista, Miguel Hissa revelou que cerca de 10% da população brasileira é diabética. Os motivos: o sedentarismo, a obesidade, a má alimentação e a hereditariedade, dentre outros fatores. A versão mais comum da diabetes mellitus é a tipo 2, que, segundo ele, acomete 90% das pessoas com a doença. A tipo 1 tem como principal alvo os jovens, mas a causa da enfermidade ainda é incerta, apesar de parecer estar associada a constipações e outras doenças.
Dentre as principais complicações decorrentes do diabetes, o médico cita algumas doenças vasculares, como infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral). “O diabetes também é o maior responsável pela causa de amputação de membros inferiores, cegueira e insuficiência renal”, disse. De acordo com Miguel Hissa, a maioria desses casos acontece devido ao diagnóstico atrasado da doença, o que é algo extremamente comum. “Boa parte dos pacientes já chega com complicações crônicas”, declarou.
Por esses motivos, o médico alerta para os sintomas do diabetes: “os sintomas não são muito específicos, mas dentre eles estão urinar muito, emagrecimento repentino, dores nos membros inferiores, diminuição da acuidade visual e coceira na genitália”. Segundo ele, o aborto espontâneo pode ser outro sinal de que a pessoa possua diabetes.
DEPOIMENTO – Na fila de atendimento do Walter Cantídio também estava Iracema Alves, de 46 anos. A rápida perda de peso e problemas na vista foram o indicativo de que algo estava errado com a sua saúde, até que os exames confirmaram que ela tinha diabetes. “Cheguei a perder 16 kg em menos de um mês”, disse. Como a mãe e os irmãos também são diabéticos, não houve espanto com o diagnóstico.
Apesar de ser recomendada pelos médicos do hospital a evitar comidas gordurosas e afins, Iracema confessa que eventualmente sai da linha. “Não me controlo e às vezes como bolo e pizza”. Por esse motivo e também por não estar em jejum no dia, o exame de glicemia realizado por ela deu alterado: 354 mg/dl. Como é diabética há pouco tempo, o seu tratamento é à base de remédios, mais especificamente de Diamicron e Metformina, que não raramente estão em falta nos postos de saúde, como aconteceu no dia da consulta no hospital. “Vou ter que procurar em farmácia popular”, lamenta.
Informações sobre Diabettes Mellitus
O QUE É?
Doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde.
VALORES DE GLICEMIA PARA O DIAGNÓSTICO DE DIABETES
• Pessoa normal: glicemia de jejum entre 70 mg/dl e 99mg/dl, e inferior a 140mg/dl 2 horas após sobrecarga de glicose.
• Pessoa intolerante à glicose: glicemia de jejum entre 100 a 125mg/dl.
• Diabético: 2 amostras colhidas em dias diferentes com resultado igual ou acima de 126mg/dl ou quando a glicemia aleatória (feita a qualquer hora) estiver igual ou acima de 200mg/dl na presença de sintomas.
TRATAMENTO
Apesar de alguns estudos na área, o diabetes ainda não tem cura, então o melhor tratamento consiste no controle do nível de açúcar no sangue. Além da aplicação de insulina ou a ingestão de medicamentos, a mudança no estilo de vida é necessária, com a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável à base de leite e derivados desnatados ou light. Também recomenda-se diminuir a quantidade total de alimentos de cada refeição. Faça mais refeições ingerindo menos calorias de cada vez. Este procedimento permitirá uma digestão mais fácil e menor apetite nas refeições maiores.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes
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