

Cerca de 700 representantes dos trabalhadores do ramo financeiro eleitos em todo o País, de bancos privados e públicos, reunidos na 12ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada de 23 a 25/7, no Rio de Janeiro, aprovaram a minuta de reivindicações da categoria. O índice aprovado é de 11% de reajuste salarial (inflação + 5% de aumento real) e uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4 mil.
E, ainda, o valor de um salário mínimo para o tíquete-refeição, a cesta-alimentação, a 13ª cesta-alimentação e a auxílio-creche/babá foram outras propostas aprovadas. Os bancários querem ainda o fim do assédio moral e das metas abusivas, mais segurança e empregos. E, também, a contratação da remuneração total, ou seja, a parte fixa (salário) e a variável (como os programas próprios de resultados dos bancos). A pauta será entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) em agosto.
“As reivindicações econômicas são muito importantes, mas a luta pelo fim do assédio moral, das metas abusivas, por mais segurança, mais contratações, são fundamentais para melhorar nossas condições de trabalho”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra.
Coordenada pela Contraf-CUT, a Conferência foi a última etapa de um processo de discussão com os bancários de todos os Estados. Os bancários de todo o País foram convocados, a participar ativamente da Campanha Nacional 2010 para fortalecer e unificar a luta para avançar nas conquistas. Os dirigentes sindicais reafirmaram temas prioritários para este ano: mais emprego, aumento real, fim das metas abusivas e do assédio moral, e melhores condições de saúde, segurança e trabalho.
“Com esse processo democrático, nosso objetivo foi realizar a mais ampla discussão possível com a categoria e assegurar a unidade nacional dos bancários, duas condições essenciais para o êxito da campanha deste ano”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “No ano passado, os bancários me perguntavam o motivo da subdivisão da campanha em eixos e se seria possível avançar daquela maneira. Nós mostramos que era possível mudar a realidade, pois conquistamos aumento real, 15 mil novos empregos nos bancos públicos, os mesmos direitos para casais homoafetivos, além da ampliação da licença-maternidade”, afirmou o dirigente.
O diretor do Sindicato dos Bancários, Ribamar Pacheco, ressaltou a importância da unidade. “Agora com as nossas reivindicações definidas, nós bancários temos uma responsabilidade muito grande: temos que nos mobilizar, nos unir, em cada unidade bancária, participar das atividades dos sindicatos, para que possamos desde já mostrar nossa força aos banqueiros. Juntos, sempre conquistaremos mais”, convoca.
MESAS TEMÁTICAS – No primeiro dia da Conferência, o primeiro painel debateu os números relativos a emprego na categoria e a discriminação no mercado de trabalho. O economista Miguel Huertas Neto, da subseção do Dieese na Contraf-CUT, abriu os trabalhos apresentando dados de pesquisas realizadas pelo instituto contando as transformações desde 1995 até os dias atuais. Ao longo desses 15 anos, muita coisa mudou. Em 1995, cerca de 45% dos trabalhadores de estabelecimentos bancários tinham 10 anos ou mais tempo de casa. Já em 2008, esse percentual caiu para 29%.
Em consulta mais recente, o Dieese constatou que o emprego bancário voltou a crescer em 2010, depois de estagnação percebida em 2009. No período de janeiro a março deste ano, foram registradas 11.053 mil admissões e 8.213 mil desligamentos, um saldo positivo de 2.840 novos postos de trabalho.
Embora o número de mulheres e homens admitidos esteja bem equilibrado (50,3% e 49,7%, respectivamente), a remuneração inicial é visivelmente inferior para as trabalhadoras: R$ 1.770,00 contra R$ 2.600,00 dos bancários. Ou seja, não houve redução nas desigualdades de gênero.
DEBATE EM GRUPOS – No segundo dia da 12ª Conferência Nacional dos Bancários, 24/7, a programação fez aprofundamento dos debates dentro do processo de definição da pauta de reivindicações a ser entregue para a federação dos bancos na Campanha Nacional Unificada 2010. Para as discussões, os delegados de todo o Brasil se dividiram, em quatro grupos – Emprego, Remuneração e Previdência, Sistema Financeiro Nacional e Saúde do Trabalhador e Segurança Bancária. No mesmo dia, pela manhã, houve um debate sobre conjuntura política e a apresentação da pesquisa nacional junto à categoria realizada pela Contraf-CUT.
VEJA ABAIXO AS PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DA
12ª CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BANCÁRIOS:
EMPREGO
• Mais contratações;
• Ampliar a contratação de mulheres, negros e pessoas com deficiência, garantindo igualdade de oportunidades;
• Garantia de emprego;
• Qualificação e requalificação profissional
REMUNERAÇÃO E PREVIDÊNCIA
• Reajuste salarial de 11% (inflação do período mais 5% de aumento real);
• Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4 mil para cada funcionário;
• Piso salarial no valor do salário mínimo do Dieese (R$ 2.157,88);
• Elevação do auxílio-refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio-creche/babá para o valor de um salário mínimo para cada item;
• Previdência Complementar para todos os bancários do Sistema Financeiro;
• Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal;
• Regulamentação da remuneração dos executivos;
• Democratização e ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN);
• Regulamentação do papel social dos bancos;
• Fim dos correspondentes bancários.
SAÚDE DO TRABALHADOR
• Fim das metas abusivas;
• Combate ao assédio moral;
• Proteção contra os riscos de acidente de trabalho ou doença ocupacional;
• Programa de Reabilitação Profissional;
• Prevenção de adoecimento e promoção da saúde da mulher;
• Assistência médica, hospitalar, odontológica e medicamentosa.
SEGURANÇA BANCÁRIA
• Assistência médica e psicológica às vítimas de assaltos, sequestros ou extorsões;
• Ampliação dos equipamentos de prevenção;
• Adicional de risco de vida de 30% para agências, postos e tesouraria;
• Proibição de transporte de valores e guarda das chaves pelos bancários;
• Estabilidade provisória para vitimas de assaltos, sequestros e extorsões.
ELEIÇÕES 2010
Os delegados presentes à 12ª Conferência Nacional dos Bancários também discutiram a eleição deste ano para a Presidência da República. A avaliação que prevaleceu é de que existem dois projetos distintos em disputa. Um deles, representado pela candidatura Serra, significa uma volta ao passado, com políticas sociais e econômicas contrárias aos interesses dos trabalhadores e novas privatizações. O outro projeto, puxado pela candidatura Dilma, representa a continuidade das políticas de desenvolvimento econômico com inclusão social, geração de empregos e respeito aos trabalhadores – iniciadas pelo governo Lula. Em razão disso, o plenário aprovou o apoio à candidatura Dilma Roussef. |