|
|
13/09/2010 |
 |
Edição Nº 1151 de 13 a 18 de Setembro de 2010 |
 |
|
| SOCIEDADE |
16º Grito dos Excluídos e Plebiscito Popular marcam Semana da Pátria em 2010 |
“Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um projeto popular”. É com esse lema – acompanhado do mote permanente “Vida em primeiro lugar” – que o Grito dos Excluídos chegou, neste ano, a sua 16ª edição. Realizada durante o período da Semana da Pátria desde 1995, a manifestação popular teve o objetivo de promover a reflexão sobre a exclusão social no País. Neste ano, o Grito dos Excluídos aconteceu junto com o Plebiscito Popular Pelo Limite da Propriedade de Terra.
De acordo com Ari Alberti, membro da coordenação nacional do Grito, o lema deste ano buscou incentivar a população a lutar pelos direitos que não são respeitados. “O lema quer chamar atenção para a questão dos direitos sociais colocados na Constituição, mas que não acontecem. Precisamos ir à luta, nos organizar para garantir o cumprimento desses direitos”, afirma.
Direito à moradia digna e acesso à saúde e educação de qualidade são apenas algumas demandas que estiveram em pauta durante as atividades do Grito. Alberti ressalta que, apesar de ser um evento nacional, cada local têm suas particularidades. Assim, as atividades, os dias em que aconteceram e as demandas variaram. “O lema serviu para garantir uma unidade, mas a intenção era que cada um levasse a tona seu grito local para, juntos, produzir um grito com eco nacional”, comenta.
Para ele, o importante foi mostrar para a sociedade que o País cresce, mas não se desenvolve se não é capaz de reduzir as desigualdades. “Dignidade não é ser só consumidor, para ter dignidade, precisa ser cidadão com direitos e acesso à justiça”, esclarece, acrescentando que a mudança só é conseguida “de baixo para cima”.
O integrante da coordenação nacional do Grito acredita que, após 15 edições, a mobilização conseguiu ser referência para a população de uma atividade realizada no mês de setembro. “O Grito está no imaginário das pessoas. Elas já sabem que vai ter manifestação”, afirma. Alberti alegra-se com esse fato, visto que o Grito não faz parte das atividades oficiais do dia 7 de Setembro, como os desfiles de armas e cavalarias. “Mesmo os incrédulos, os que não acreditam no Grito, sabem que, na Semana da Pátria, tem eventos oficiais e manifestações”, lembra.
Essa, na opinião dele, é uma das vitórias que o Grito já conseguiu ao longo dos anos. Para ele, a manifestação, além de chamar atenção para as pessoas excluídas, ainda promove a reflexão sobre a Independência do País. De acordo com Alberti, várias pesquisas e debates em escolas, ao discutirem o Grito dos Excluídos, “mudam a forma de ver a Semana da Pátria” e o significado da independência do Brasil.
PLEBISCITO – Outra contribuição dada pelo Grito dos Excluídos foi a realização em conjunto com Plebiscitos Populares. Neste ano, aconteceu o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra. A consulta ocorreu até o dia 7/9 em todos os estados do País. Antes desse, foram realizados – também durante a Semana da Pátria – plebiscitos populares: sobre Dívida Externa (em 2000); a respeito da Área de Livre Comércio das Américas - Alca (2002); e pela anulação do leilão de privatização da Vale (2007).
“A sociedade não se sente mais representada nessa democracia. Ela deve ser participativa e direta”, destaca Alberti, quem acredita que a população deveria ser consultada em diversos projetos, como no da Transposição do Rio São Francisco e no da construção da Usina de Belo Monte. “Os movimentos dizem às autoridades que a gente quer participar disso”, afirma. |
|
|
|
|