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13/09/2010 |
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Edição Nº 1151 de 13 a 18 de Setembro de 2010 |
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| CAMPANHA NACIONAL |
Banqueiros empurram bancários para a greve |
Os bancos enrolaram mais uma vez e rejeitaram, na terceira rodada de negociações concluída na quinta-feira, 9/9, todas as reivindicações referentes à preservação do emprego apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários. Repetiram o padrão de intransigência das rodadas de negociação anteriores, quando negaram as reivindicações sobre saúde do trabalhador e melhores condições de trabalho, como o fim das metas abusivas, o combate ao assédio moral e mais segurança contra assaltos e sequestros.
Diante do descaso dos bancos com as reivindicações dos trabalhadores, o Comando Nacional decidiu convocar Dia Nacional de Luta para a terça-feira, 14/9, véspera da quarta rodada de negociação, que ocorre na quarta e quinta-feiras, 15 e 16/9. A pauta estará centrada na remuneração, o que inclui aumento real de salário (reajuste de 11%), melhoria na PLR, previdência complementar e valorização dos pisos.
“Os bancários já deixaram claro que tão importante quanto as cláusulas econômicas na são a sua saúde e as condições de trabalho, principalmente o massacre das metas e do assédio moral, o emprego e a segurança bancária. Os banqueiros precisam saber que, sem solucionar essas questões, os bancários vão para a greve”, adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
“Com essa postura intransigente, os bancos estão empurrando os bancários para a greve. Eles estão se recusando a discutir questões que a categoria considera da maior importância, como o emprego, condições de trabalho, segurança, além da melhoria do atendimento aos clientes. Dessa forma, não teremos opção a não ser mobilizar para a greve”, critica Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará.
CORRESPONDENTES BANCÁRIOS – No segundo dia da terceira rodada de discussões, nesta quinta-feira, 9/9, o Comando Nacional voltou a insistir na busca de uma solução para o problema dos correspondentes bancários, que vêm sendo usados pelos bancos para reduzir custos, precarizar e segmentar o atendimento aos clientes. “Queremos atendimento de qualidade e com segurança para todos, sem precarização do trabalho”, diz Carlos Cordeiro. Mas os bancos voltaram a rejeitar a reivindicação.
O correspondente bancário é a forma mais agressiva de terceirização do sistema financeiro nos últimos anos. Trata-se de uma estratégia de segmentação de mercado, deslocando uma parcela de clientes, especialmente de baixa renda, para esse tipo de atendimento precário. A reivindicação dos bancários é universalizar os serviços bancários e acabar com este tipo de bancarização que discrimina as pessoas pela renda.
APRENDIZES – Em relação aos aprendizes, o Comando Nacional defendeu que os bancos parem de usar essas contratações para substituir o trabalho de bancários e que esses trabalhadores contratados em programas de aprendizagem não podem ter idade superior a 18 anos, como determina a legislação. Os bancos retrucaram que a legislação permite a contratação de aprendizes até 24 anos e se recusaram a incluir essa cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho.
JUROS E ABONO ASSIDUIDADE – Os representantes dos bancários reivindicaram a redução dos juros das operações a todos os trabalhadores das instituições financeiras. Os negociadores da Fenaban também rejeitaram a demanda, alegando que cada banco tem uma prática diferente e eles não podem interferir na política de mercado das empresas do setor tabelando juros.
Os bancos se recusaram ainda a discutir a reivindicação dos bancários de conceder um abono assiduidade, na forma de cinco dias de folga por ano aos trabalhadores, considerando que o ano possui 365 ou 366 dias e os bancos só pagam 360. Essa demanda já foi conquistada em vários bancos públicos.
MUDANÇAS TECNOLÓGICAS – O Comando Nacional também defendeu a criação de uma comissão bipartite empresa-bancários para debater, acompanhar e apresentar propostas diante de projetos de mudança tecnológica e organizacional, reestruturação administrativa, introdução de novos equipamentos e outras situações similares. Os bancos aceitam discutir pontualmente os problemas gerados pelas inovações tecnológicas, mas disseram não ver necessidade na criação de uma comissão para essa finalidade.
ATENDIMENTO E FILAS – Os bancos também recusaram as reivindicações de ampliação do horário de expediente ao público, controle do tempo de espera nas filas e funcionamento das agências, que objetivam o aumento do número de trabalhadores nas unidades para melhorar as condições de trabalho e garantir qualidade de atendimento aos clientes.
TERCEIRIZAÇÃO – Este tema será discutido na mesa temática sobre terceirização, que já realizou quatro reuniões este ano. Nos debates acumulados até agora, foram identificadas as diversas áreas onde ocorrem as terceirizações, número de trabalhadores envolvidos, acordos específicos com determinados bancos onde efetivamente se manteve os serviços dentro da própria categoria, demonstrando a possibilidade de acompanhamento pelo conjunto dos bancos. A Contraf-CUT apresentou uma listagem de áreas terceirizadas. Ficou acertada a escolha inicial de uma delas pela Fenaban para iniciar os debates. Os trabalhadores cobraram dos bancos o compromisso de, ao final da Campanha Nacional 2010, informarem a área escolhida para que seja possível iniciar o quanto antes o debate sobre a “desterceirização”.
DISCRIMINAÇÃO – Os trabalhadores também cobraram dos bancos soluções para as barreiras que dificultam a entrada e ascensão profissional de mulheres e negros nos bancos. Segundo dados da Pesquisa de Emprego Bancário, feita em parceria entre a Contraf-CUT e o Dieese, embora o número de mulheres e homens admitidos esteja bem equilibrado (50,3% e 49,7%, respectivamente), a remuneração inicial é visivelmente inferior para as trabalhadoras: R$ 1.770,00 contra R$ 2.600 dos bancários. Ficou acertado entre bancários e Fenaban que o tema será retomado antes do final das negociações da Campanha 2010.
SISTEMA FINANCEIRO – Por último, a Contraf-CUT voltou a cobrar da Fenaban a realização de um seminário sobre o sistema financeiro, aberto a toda a sociedade, para discutir o papel dos bancos no desenvolvimento econômico e social do País. |
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