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27/09/2010 |
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Edição Nº 1153 de 27 de setembro a 2 de outrubro de 2010 |
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| ARTIGO |
Assédio Moral e Metas Abusivas. Risco para a saúde dos bancários |
O assédio moral no trabalho tem ocupado, com muita ênfase, as pautas sindicais e é uma preocupação constante dos trabalhadores de todas as categorias profissionais, inclusive a dos bancários.
Jornais de circulação nacional, revistas, estudos acadêmicos, decisões judiciais, congressos, simpósios, reuniões em sindicatos de trabalhadores, matérias em telejornais, matérias na internet, campanhas sindicais, negociações entre empregados e empregadores, são apenas alguns dos inúmeros espaços que tem aparecido a temática do assédio moral no trabalho e os seus reflexos negativos na vida laboral do trabalhador.
A questão do assédio moral na categoria bancária entrelaça-se com outro grande problema existente no cotidiano dos ambientes de trabalho: a imposição e a cobrança de metas abusivas. As metas abusivas impostas pelos bancos, característica marcante do trabalho bancário nos dias atuais, transformou-se em um fator de risco inerente da profissão. A imposição e a cobrança de metas revela outro grave fator de risco à saúde de bancários, situando os profissionais entre os que mais se afastam do trabalho por problemas psíquicos.
Bem sabemos que o assédio moral não é uma doença e que ninguém fica doente por "contrair" assédio moral. Entretanto, é um sério sinal de degradação das relações de trabalho, bem como do próprio ambiente de trabalho. Logo, o que leva os bancários ao adoecimento são as consequências nefastas das práticas de assédio moral, principalmente aquelas relacionadas ao controle e cobrança pelo atingimento das metas, sempre crescentes e mais: o bancário que não "bate suas metas" pode ser demitido sumariamente. Busca-se apenas o resultado individualizado do trabalho que se materializa na concretização da meta, desconsiderando todo um trabalho prévio em equipe, importante e necessário, que colabora decisivamente para viabilizar as metas.
As reivindicações da categoria bancária são bem definidas e busca soluções para os problemas de ocorrências de assédio moral, com regras e prazos definidos em acordo coletivo de trabalho.
O debate que temos feito junto a categoria busca evidenciar a relação das metas abusivas e das práticas de assédio moral com o elevado grau de adoecimento dos trabalhadores bancários, destacando o desgaste e o sofrimento mental que tem atingido gerentes, chefias, caixas, escriturários, pessoal de teleatendimento, em todos os bancos. É necessário que os bancos modernizem a sua visão referente à "saúde e segurança no trabalho" e que, de fato, tenham interesse em firmar compromissos com perspectivas para a criação de novas condições de trabalho, com bases na prevenção de doenças, de combate aos riscos à saúde do trabalhador e de promoção da saúde.
E que, de fato, o trabalho bancário seja sinônimo de satisfação, de vida digna, de reconhecimento social, de crescimento pessoal, e não de humilhação, de opressão e adoecimento dos trabalhadores.
Walcir Previtale Bruno – Bancário, secretário de Saúde e Condições de Trabalho do SEEB/SP
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